Alunos

Odilon Simião


"Sem a música, a vida seria um erro. "

A minha amizade com o grande homem e exímio músico Graciano Arantes vem bem antes da música em minha vida.

 Apesar de uma exata diferença 4 de anos em nossa idade ( pois fazemos aniversário no mesmo dia ), crescemos juntos em um pequeno bairro, quase uma vila, na maravilhosa cidade de Uberlândia, e com os anos de amizade e caprichosamente os gostos musicais semelhantes me concedeu a honra de ser seu aluno.

Meu grande amigo, agora, meu grande professor de violão, Graciano havia acabado de ingressar na faculdade de Música pela Universidade Federal de Uberlândia. E assim, se mostrou um mestre dedicado e muito virtuoso.

Passamos um longo período juntos e depois resolvi me dedicar à guitarra, instrumento do qual me dedico até os dias atuais. Passei por diversas bandas e com isso pude agregar muito à aquele inicio musical.

É certo que além de um grande ser humano, o Graciano é um músico de proporções incalculáveis e certamente se não fosse ele que com grande maestria na época a me influenciar, provavelmente eu nunca teria conhecido a música como a conheço hoje.

Por isso tenho apenas a agradecer pelo grande professor e acima de tudo pelo maravilhoso amigo que é este cara.

Odilon Simião,
Músico / Programador

Uberlândia (MG)





Impossível não se emocionar e sentir orgulho após apreciar esta declaração do meu grande amigo Odilon Simião. Amigo este que acompanhou todo o meu processo de aprendizado musical, passando pelo Conservatório, o nosso convívio musical lá da nossa galerinha de jovens amigos em comum, até minha transferência para Goiânia, como Bacharel em Música pela Federal de Uberlândia.

 Profissionalmente falando, o Odilon foi o meu primeiro aluno, no primeiro semestre de 1998. Nosso relacionamento entre professor/aluno era perfeito, pois eu, mesmo sendo um iniciante no ramo, tinha total interesse em seu aprendizado, sendo que da mesma maneira, o jovem Odilon era intenso em todas as atividades propostas em aula, muito inteligente também. Uma parte muito importante para mim era a financeira. Os pagamentos das mensalidades eram realizados sem qualquer tipo de atraso. Isso reflete também a seriedade de seus pais, bem como, o valor dado às aulas de música e o meu entendimento que aquele caminho poderia ser o meu "ganha pão" dali para frente.

Quando fui procurado para orientá-lo, o seu objetivo musical era muito claro - tocar Legião Urbana. Vejam bem, aquele garoto de 14 anos era um "legionário" e eu também! É certo que logo de cara, eu adorei o projeto, porém, na responsabilidade de um professor e violonista intérprete, eu tinha também outros projetos paralelos para com nossas aulas. Eu queria que ele tivesse uma formação mais abrangente e uma técnica violonística mais bem elaborada, pensando mesmo em formar um novo ouvinte de violão clássico e ou, um futuro guitarrista de alto nível - o que viera acontecer!

Portanto, no início, tivemos aquelas aulas bem tradicionais e creio que muito chatas para o coitado do estudante. Eu não tinha habilidade suficiente para levar novas culturas musicais ao jovem legionário e como fazíamos o trabalho de acompanhamento de canções em todos os nossos encontros, naturalmente trilhamos um caminho totalmente focado em tocar e cantar os sucessos da nossa banda preferida.
Eu também não dispunha de bons métodos e estudos para ensinar acompanhamento de canções.

Confesso que em raros momentos fui tão feliz como professor de violão. Não se encontra "Odilons" por aí, "dando sopa", pronto para aprender música, ávido pelo conhecimento, sem preguiça de pegar um acorde mais exigente, um ritmo mais árido e por aí vai. Normalmente nossos alunos são muito preguiçosos e muito pouco se aproveita em sala de aula.

Vou concluir o meu comentário, muito emocionado, recordando uma noite em que a banda do meu grande amigo tocaria no nosso saudoso Conjunto Alvorada. Eu estava ao lado do W. Jr. o tempo todo. Os dois emocionados com o que viam (e ouviam), uma boa banda fazendo rock nacional e um guitarrista com o visual do Slash,  fazendo os arranjos das obras originais com perfeição. Na ocasião, pudemos apreciar um cover de "Metal Contra as Nuvens" e não me lembro de sentir falta de uma nota sequer. Os harpejos com palhetadas perfeitas, solos perfeitos e a atitude de palco que se espera dos mais clássicos guitarristas de "roquenrol".

O baterista do vídeo é o nosso amigo Luiz Arantes Jr. - O "Juninho". Este sujeito não é normal, inteligência e talento musical fora do comum. Um post é pouco para comentar sobre este sujeito!

Fica aqui o meu forte abraço ao músico Odilon Simião.



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Luís Augusto Melo



Toco violão desde os seis anos de idade. Confesso que no início eu não gostava muito. O violão era bem maior do que eu e não me sentia confortável com aquela posição “forçada” com banquinho e músicas pouco complexas a meu ver. 

Com o tempo, mais músicas foram surgindo e tomei gosto pela coisa, porém não conhecia uma gama muito ampla de compositores e possuía algumas limitações técnicas. Quando minha primeira professora saiu de cena o professor Graciano entrou em seu lugar. 

Foi nesse instante onde tirei a sorte grande. Ele me apresentou compositores como Dilermando Reis, Waldir Azevedo, Toquinho, Paulinho Nogueira e claro, Villa Lobos. Fiquei ainda mais fascinado pelo mundo das 6 cordas. 

Entre escalas e dedilhados fui conhecendo e aprendendo grandes obras que hoje executo em meu tempo livre para descansar. Tornou-se um hobbie sério. O Graciano soube tirar cada dúvida, cada dificuldade com a maior paciência do mundo. Passou de professor a grande amigo. 

As aulas, que antigamente eram uma espécie de obrigação, tornaram-se um dos momentos mais aguardados da semana em que poderia aprender mais e desenvolver técnicas novas. A música que marcou bastante foi o “ Brasileirinho” de Waldir Azevedo. 

Ele me passou um arranjo que com muito esforço aprendi e queria executar em uma velocidade alta e claro saia com som pouco limpo. Ele me ensinou que nem sempre a velocidade é um quesito importante e sim a interpretação, sonoridade e expressividade que você coloca na música que está tocando. 

O mesmo ocorreu com a música “Magoado” do Dilermando Reis. Meus dedos são um pouco curtos para executar algumas obras, mas e daí? Durante as aulas a única limitação foi o tempo e hoje, com 20 anos, toco músicas que antigamente só escutava em CD’s e nos violões de grandes mestres da MPB. 

Em 2008 minhas aulas com o professor Graciano cessaram por eu precisar estudar para o vestibular. Imaginei que ali seria o fim das minhas habilidades no violão, muito trabalho seria perdido. Só que foi o oposto. 

Devido à dedicação e ao trabalho deste grande professor, todo o aprendizado se manteve assim como a vontade incessante de procurar novas obras para executar. Foram-se os tempos onde eu tinha medo de uma partitura muito “feia” ou de uma música ótima com várias páginas. Devo muito do meu aprendizado e amadurecimento nas seis cordas a este mestre do violão. 

Um Abraço,

Luís Augusto


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"... Meus dedos são um pouco curtos para executar algumas obras, mas e daí? Durante as aulas a única limitação foi o tempo..."

Luís tinha um violão incompatível com o seu tamanho físico. Chegamos a tocar neste assunto, mas o bendito do violão era um bom instrumento (e caro), não dava para pedir que o trocasse.

Desta forma, logo no início de nosso relacionamento, aprendi que se tratava de um guerreiro, um sujeito raçudo, que procura a solução sem levar em conta a profundidade do desafio. Foi com este violão, de tamanho inspirado nas enormes mãos do lendário concertista espanhol Andrés Segovia, que o jovem violonista de 16 anos encarava seus maiores desafios.

Se não me engano, era o ano de 2007, e eu já dispunha de maturidade profissional para encarar o meu desafio que também tinha lá suas dimensões. O cara não queria saber de tocar violão de acompanhamento e bem que eu tentei, pois paralelamente às nossas aulas, na mesma escola, o tão badalado Mvsika (Setor Oeste), tinha algo especial sendo desenvolvido nesta linguagem de Ritmos e Acompanhamento de Canções com a Natália, violonista que também faremos este resgate aqui no site e se sintonizava muito bem com o principal violonista do pedaço. Na verdade, os dois igualmente importantes, sendo um no solo e a outra nas canções populares.

Eu havia participado de tudo que é evento importante de violão a nível internacional aqui no Brasil e vivia o auge da minha técnica, com grandes obras solistas no repertório, bem como informações e linguajares fresquinhos de meus mestres Willian Arantes, Jodacil Damaceno, Fanuel Maciel, Maurício Orosco e Fabio Zanon, entre outros, inúmeros importantes músicos e violonistas do nosso tempo. Também, na ocasião, eu era um professor bem resolvido, didaticamente consciente, desenvolvendo o próprio método de trabalho.

Para mim, foi o meu ápice como professor de violão clássico. Lá, eu tinha a função de lhe mostrar um repertório até então desconhecido. Ao vivo, eu tinha que acertar as escalas, os arpejos e todas as nuances mais exigentes para que o mesmo se interessasse pelo repertório em que viríamos estudar.  Ser professor do Luís me exigia estar muito bem como violonista.


Se por um lado, o aluno não conhecia, ainda, um repertório mais avançado de violão clássico, por outro lado, ele já sabia praticamente tudo do instrumento, dispunha de todos os mecanismos técnicos necessários para encarar as peças. Faltava muito pouco de técnica e menos ainda de conhecimento de leitura para que, tanto o universo de "Dilermando Reis" quanto o de Heitor Villa Lobos" entrasse de vez em sua vida.

Eu adorava mostrar-lhe obras como Prelúdios nº2, 3 e 5 do Villa, Prelúdios de Bach, peças de Ponce, tinha também o Tango em Sky do Roland Diens e ainda as Variações sobre Flauta Mágica de Fernando Sor, entre tantas outras, brasileiras e universais. Foi um turbilhão de novidades na cabeça do jovem e decidido Luiz Augusto. 


Embora estivesse em fase final de organização de um método de ensino do violão popular, eu ainda era um violonista solista intérprete, apenas. Mas era o suficiente para que pudéssemos refletir sobre o ambiente musical de cada obra, melhor dizendo, o que cada uma delas tinha para nos dizer e como poderíamos "contar essas histórias" para o nosso público.

O Luís era louco para mostrar sua força, agilidade, técnica, dinâmica, virilidade, juventude, enfim, ao contrário de colocar-lhe um Brasileirinho para incitar ainda mais a sua fúria jovial, consegui que se interessasse por uma grande melodia do Toquinho - Implorando, editada pelos mestres Jodacil Damaceno e André Campos. E assim, após muito suor, muitas lixadas de unha e longos diálogos, pude curtir uma interpretação equilibrada, romântica, leve e com uma sonoridade robusta, instigante! 

Daí em diante vieram Sons de Carrilhões, Doutor Sabe Tudo, Magoado, peça de Paganini que por agora, peco por não me lembrar o seu título e o tão sonhado Brasileirinho. Se não me engano, ainda trabalhamos um pouco do Prelúdio Nº 03 do Villa e um tanto do Tico-tico no Fubá.

Propor uma data de apresentação aos alunos é uma das poucas oportunidades de incentiva-los a estudar música com afinco e estar melhor preparado. No caso do Luís isso potencializava  os seus exaltados ânimos e se mostrava sempre pronto para receber este tipo de convite.

Quando as obras estavam começando a ficar mais maduras em suas mãos, vieram as dificuldades de conciliação entre os estudos e a dedicação à música, ambos exigentes. Foi quando encerramos nossas atividades e um ciclo que se fechou tanto na vida deste meu dedicado aluno, quanto na minha que caminhava para novos rumos dentro da docência em música.

Luís estudava para ser o melhor vestibulando da capital goiana e traçava grandes metas acadêmicas. O resultado é ter se transferido para a capital paulista pelos estudos em Engenharia na USP. 


Tenho muita felicidade por ter participado da formação deste grande ser humano e pela forte amizade que ficou entre nós. Fica aqui o meu muito obrigado ao Luís e sua família, e o meu forte abraço ao meu grande amigo  Luís Augusto Melo (Violonista /Acadêmico).
















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