Postagens Recentes

quinta-feira, 15 de junho de 2017


Balanço Sem Pestanas

                                  Método Violão Em Roda!     Professor Graciano Arantes   /   Goiânia

0

sexta-feira, 31 de março de 2017


Curso maduro e eficiente!

O iniciante forma uma ótima base de acordes (sem pestanas) e ritmo (pop, rock, sertanejo, gospel) em 4 aulas organizadas no primeiro volume - Iniciação!

Na aula 5 da apostila entra na primeira música, no total, 12 aulas da apostila para 13 músicas, mais uma série de outras atividades musicais (solo).

Interessados em um curso perfeito e ótimos valores, entrar em contato no 9 8162-4841 (zap)
0

domingo, 25 de dezembro de 2016



0


                    Natal de 2016, perguntei à minha mãe uma Música De Minha Vida. A resposta da mulher da foto acima, veio logo de cara, João e Maria! É, foi uma meia-inocência minha, pois trata-se da obra que compõe meu repertório mais "exigida" por minha mãe desde que a decorei. Certamente, pelos idos de 1999, quando o meu saudoso professor da disciplina Violão, na graduação em Música - UFU,  Fanuel Maciel de Lima Junior, lançou seu caderno de arranjos, onde João e Maria figurava entre as canções escolhidas pelo mestre.

                    Na época, eu era recém aprovado nos Cursos de Música da UFU, portanto, minha leitura de partitura ainda era fraca, limitada, ou melhor dizendo, pouco trabalhada. No caderno, obras do maestro Tom Jobim, Chico Buarque, Djavan, entre outros grandes mestres da harmonia, apresentando aqueles acordes tensos, aliados aos ritmos brasileiros, consequentemente, "chatinhos" de ler. Chatinhos não, trabalhosos mesmo!

                    Eu não deixaria de tocar uma "Atrás da porta" por João e Maria, nunca! Mas, a preguiça de realizar a leitura do arranjo falou mais alto, e aquele famoso "deixa pra lá, depois eu encaro", falou mais alto. Bem, preciso me defender não é?! Não foi preguiça, pois eu já tinha o repertório (erudito) do Bacharelado em Violão para encarar... Daí, eu olho para a partita da música e, pronto!!! Fácil, uma notável  melodia, poucas notas de acompanhamento, quase nada de ritmos sincopados e caminho aberto para explorar minha maior virtude ao violão, a sonoridade!

                     Rapidamente decorei o arranjo e confesso que foi das maiores oportunidades que tive para desenvolver minha interpretação. O que tinha de "pobreza" harmônica e rítmica (comparada às outras do caderno), tinha de riqueza melódica e a possibilidade de contar uma verdadeira história através daquela longa e intensa melodia. A música tem uma segunda parte contrastante, onde eu "nado de braçadas" (como diria meu saudoso pai) e dramatizo ainda mais a história original, onde duas crianças se perdem...

                     Eu não conhecia a música. Isso soa como um absurdo no mundo dos arranjadores / intérpretes, pois antes de estudar uma obra, geralmente estudamos os bastidores, ou procuramos saber algo importante da peça, de modo a realizar uma interpretação consciente em estilo. Na época não tinha youtube.com, e encontrar uma música avulsa, sem saber ao menos de qual disco... não era tarefa muito fácil. Na verdade, João e Maria foi escolhida para tocar, apenas por paixão musical e com o passar do tempo fui amadurecendo em minha mão, naturalmente fazendo parte do meu repertório de sempre, oficial! A grandiosa melodia e o interessante arranjo do "Fanuca" me conquistou de cheio.

                     Creio que só faltou me apelidarem de João e Maria, pois usei e abusei da boa vontade dos ouvintes, e confesso que fiz muito sucesso com ela!! Quando marcava alguma apresentação, minha mãe sempre me dava a dica, "não se esqueça de Joãozinho e Maria!" e eu como um bom filho, obediente, não deixava de tocar, e confesso que o bom conselho de minha mãezinha querida, sempre funcionou!!!

                      Após um ou dois anos que já tocava o arranjo, finalmente tive acesso ao original e fiquei assustado com tamanha diferença do que eu propunha em minha interpretação. Realmente, o intérprete tem a OBRIGAÇÃO de saber em que água vai nadar, pois se é em rio desconhecido, meu amigo, melhor não entrar sem antes realizar um bom estudo da coisa em si.

                      Ainda bem que a minha visão da perola chico-buarqueana foi apenas rasa, eu havia transformado a movimentada canção do cara em uma verdadeira obra romântica com grande teor dramático! As notas "saltitantes" da melodia foram "desempenadas", "lixadas" e "polidas", e aquele detalhe rítmico que dá toda a caracterização da melodia, foi simplesmente execrada da música.

                      Com a consciência refeita, tratei de inserir o balanço original da melodia, porém, no momento chave, onde achei melhor fazer, pois a simplicidade da canção popular, muitas vezes soa repetitivo na hora de solar a música. Esta sabedoria e bom senso estético me obrigou a melhorar o que já estava bonito, porem, desta vez, com a coerência que a música pede!

                      Por enquanto, fico-lhes devendo um vídeo com a minha interpretação de João e Maria. Enquanto isso, vamos apreciando a versão do próprio autor, Chico Buarque!






0

sábado, 24 de dezembro de 2016



Curso de Iniciação Ao Violão:  9 8162-4841 (whatsapp)

            Tenho larga experiência no ensino coletivo do instrumento. As atividades que proponho nas apostilas são maduras e bem experimentadas. Toco junto, participando intensamente em todos os momentos da aula e com isso, todos fazem a atividades concomitantemente, em grande motivação. Lidero as atividades, controlando o tempo e demonstrando como se deve estudar música, com muita calma, tranquilidade e equilíbrio.

            Sozinho, e´muito difícil compreender e realizar as atividades de tal modo, com todas estas atribuições. Assim, vamos construindo um trecho de cada vez e ao longo dos encontros, uma grande edificação técnica e artística.

            Cada Apostila traz 12 aulas, recheadas de atividades, na medida certa para cada encontro. Cada aluno ou dupla leva um tempo específico para vencer cada aula proposta. Isso implica que o tempo mínimo para cada curso proposto é de 12 horas/aula. No total, são 3 volumes de Apostilas para a iniciação de O Violão Em Roda. Cada Apostila abre portas de uma determinada escola ao iniciante, sendo elas:

- Ritmos e acompanhamento de canções (Violão popular)

- Melodias e Solos (Violão Clássico)

- Harmonia e improvisação


            Há um repertório de canções ao nível de cada Apostila e vou oferecendo na medida da demanda de cada situação de aula. Estou ampliando e revisando cada volume, pois escrevi cerca de 40 miniaturas musicais para o Caderno De Leitura, criado para cobrir lacunas, dos quais vieram agregar valor especial ao método. Estas miniaturas revolucionam a minha maneira de ensinar o violão clássico, tornando-o objetivamente atrativo ao aluno que ainda não possui esta cultura musical.




             





0

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016



      Dando sequência  ao tema As Músicas De Minha Vida, ofereço-lhes uma homenagem ao meu  ídolo de infância e inspirador direto em cultura de canções populares. Marcelo Arantes, o meu primo músico, ator e roteirista, talentoso e dono de um carisma jovial, capaz de hipnotizar uma grande platéia. 

        Era manhã de domingo, eu não sei muito bem, precisar o ano do ocorrido, mas levando em conta que a banda gaúcha Nenhum de Nós lançou seu primeiro LP em 1987 e entre 1988 e 1989, Camila, Camila "foi a canção mais executada em rádios brasileiras" (Wikipédia), atingiram-me diretamente no peito, através de um cover inspirado entre meu primo e seu amigo que não posso mencionar o nome. Sei que ainda cursava o antigo primário na escola do meu Conjunto Alvorada. Então, provavelmente era no segundo semestre de 1988 ou em 1989. Eu gostava da Renata...

       Pois bem, na ocasião, meu pai levava a família para visitar o seu irmão Alecy Arantes, marido da tia Terezinha e sua prole - Sandra, Marcelo, Denise e Cláudia, além de um cachorro muito chato e feroz... O meu "tio Lecy", que canta e compõe canções caipiras tradicionais. Este meu tio, na juventude, formava dupla caipira com meu pai, William Arantes. Muitos anos mais tarde, a dupla se reuniu para a gravação de um CD, mas a participação de meu pai foi estritamente como violonista solista em alguma parte do disco, juntamente com o genial "Tio Esio" Arantes.

         Voltando ao que interessa, eu com os meus prováveis 9, ou 10 anos de idade, me deparei com a cena artística mais marcante do final da minha infância. Meu primo e seu amigo-parceiro, cantavam alucinadamente, a canção Camila, Camila e enquanto meus pais e irmãs desciam a escada que dava acesso à casa de nossos parentes, eu me via paralisado, com todas as percepções aguçadas e completamente imóvel, apreciando cada batida ao violão, gestos e feições. Ao terminarem a performance, meu primo já rapazinho, entre seus 13 ou 14 anos, nem deu moral para quem havia chegado e tratou logo de se dissipar nas ruas do Daniel Fonseca, tradicional bairro uberlandense, saída para Goiânia.

          Como o violão foi se tornando o meu alicerce, fui naturalmente me interessando por acompanhamento de canções populares e logo que me descobri apaixonado pelo Rock Brasil 80, tratei de procurar meu primo, lá naquele mesmo lugar, loooonge do meu bairro e me lembro bem de ter saído de sua casa, bem de noite, com um "sovaco" cheio de revistinhas de cifras oitentistas e o outro braço com mais materiais musicais. Confesso que meu primo foi super generoso e eu acho que não devolvi o material até hoje! Logo adiante, certamente ficou como investimento cultural naquele grupo de amigos do Alvorada, W. Jr, Odilon, César do pagode, enfim, aquela galerinha sedenta por música e que compartilhava tudo de tudo com todos os amigos-irmãos... (saudade bate doído).

        Então, Camila, Camila, tem um arpejo de violão tão marcante em ré maior com nona, e vai se desenvolvendo por acordes previstos da tonalidade. Musicalmente é único, e toma conta, logo vem um fá maior de empréstimo modal e tem partes contrastantes que caminham para o ponto culminante de refrão que é nada mais, nada menos que verdadeiros berros com o nome de Camila, numa poética bem dramática, sentida, e eu adoro isso!!! Ouso dizer que o único "defeito" desta obra prima pop brasileira, é possuir uma extensão melódica muito difícil de alcançar. O grave é verdadeiramente grave e o agudo máximo da canção é digno de quem realmente domina a parada! Resumindo, é para poucos cantarem com conforto.

             Eu adorava pedalar minha bicicleta vindo do Santa Mônica, descendo aquele viaduto do pontilhão na sequência da avenida Segismundo Pereira, sentindo a ventania no peito, em boa velocidade, solitariamente, empinando a "bike" e me sentindo totalmente livre, berrando Camila, Camila até chegar no Alvorada. Só eu sabia disso! 

             Hoje em dia, sempre que apresento o acorde de "D9" (ré maior com nona) para os meus alunos, dou o exemplo do arpejo de violão, e vou cantando a música até o grito do refrão. Tenho certeza que faço "neguinho" derreter na escuta. Eu canto com toda a verdade de um garoto de 9 anos, alucinado com este poderoso hit nacional. 

         Meu talentoso primo, sempre muito presente (afilhado de meu pai), me influenciou intensamente, interpretando diversas canções de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Cazuza, Barão Vermelho, Lulu Santos, Paralamas do Sucesso, Alceu Valença, The Beatles, roquenrol, música nordestina, mineira... Acredito que nosso parentesco e amizade seja algo místico, muito especial, talvez programado pelo Universo, pois, retomando esta parte de minha vida, percebo que nosso contato direito foi determinante para que eu me tornasse o músico que sou, de bom gosto e diversidade estilística. Sinceramente, não sei como lhe agradecer meu querido primo do coração Marcelo Arantes, sou seu eterno fã!!!





                                  

                   
















2

quinta-feira, 16 de junho de 2016


Em uma famosa canção dos Engenheiros o Papa é pop, e o pop não poupa ninguém! E o primeiro, legítimo e grandioso alvo do estigma pop-Brasil é a sua majestade, o Violão! A majestade é por conta de Dilermando, em suas glamorosas publicações de arranjos e obras originais para violão solo. Já, a legitimidade e sua grandiosidade fica por conta de todos os movimentos artísticos em que o nosso abençoado instrumento se faz fielmente presente. Tempos atrás, não tão abençoado, mas isso é assunto para outra conversa.





Enquanto o nosso país vinha engatinhando, e sem pretensão alguma se tornar uma nação, unida (ironic mode), para tentar compreender que nossa “raça” é apenas latina, com todas as variantes e belezas, todavia, o mais importante ainda caminhava a passos lentos, como a formação escolar, técnica e estrutural, de modo que tenhamos escola para criação de gente e coisas necessárias à nossa pátria. E, por que não, o planeta?!.
Enquanto nossa terra não sugeria algo tão concreto, surgiu da rua, das esquinas, das rodinhas, da biblioteca do pai, dos saraus entre amigos, da inteligência e sensibilidade absoluta, o jovem criador Heitor Villa-Lobos (1887-1959) no Estado da Guanabara e nos indica um caminho, se tornando o primeiro brasileiro (década de 1920) a levar algum conhecimento como uma grande novidade ao continente pai (ou padrasto).
Villa-Lobos foi historicamente importante em vários aspectos da música. Violonisticamente falando, um divisor de águas. Foi a partir de sua obra que o violão passou a ser tocado como violão, explorando seus recursos e idiomatismos desvinculando-se às linguagens mais aproximadas ao piano e grupos de câmara da tradição europeia.

Abaixo, a histórica e fantasticamente impecável interpretação de Fabio Zanon do Estudos nº12. Obra altamente avançada para a época em todos os aspectos técnicos e estéticos. Quem gosta de metal, rock pesado ou sonoridades diferentes tem maiores chances de gostar desta distinta obra. Lembrando que na década de 20 ainda não existia guitarra elétrica, ou mesmo cordas de nylon revestidas de aço para violão. As ideias contidas na peça são autênticas e os créditos são exclusivos de Heitor Villa-Lobos.  


0

quinta-feira, 9 de junho de 2016

                   No dia 27 de abril de 2014, uma acadêmica dos cursos de mestrado em Letras (UFG) entrou em contato comigo para o curso de violão. Tratava-se de uma jovem apaixonada pela música em sua totalidade, com grande bagagem em literatura e teatro, atuante em diversos projetos artísticos.


"Eu tenho uma pequena noção...conheço as notas maiores e menores e também dois ritmos.. mas é só...toco muito pouco, mas quero aprender de tudo mesmo porque adoro cantar! Inclusive mais pra frente gostaria de aprender a converter a cifra para o meu tom..acho que isso a gente aprende com o tempo né?"

                Perfil maravilhoso, amo atender esse tipo de aluno! Todas as linguagens do violão se florescem antes mesmo da primeira aula. Assim, o aluno já chega "pronto para a briga"! E logo tratamos de iniciar... Susana trouxe um coração brasileiro e bem eclético, variando entre Luiz Gonzaga, Elis Regina, Clara Nunes, os roqueiros, os híbridos, os bossanovistas, os sambistas todos e sua grande referência cancionista, a majestosa Adriana Calcanhoto.


             Susana trazia acordes maiores e menores, algumas facilidades, e também alguns probleminhas, como o desequilíbrio entre mão esquerda e direita. Considero assim, pois a mão direita estava bem limitada ritmicamente, quase nada de arpejos e zero de melodias. O seu violão não era compatível com o tamanho dos dedos e pegada muscular, com cordas levemente mais altas que o necessário, além de uma sonoridade precária para o estudo da parte clássica (melodias e solos). 
                      
                  Trabalhamos várias canções brasileiras e também fizemos algumas melodias para maior intimidade com a geografia do braço do instrumento. Pouco tempo depois, nos abriu a janela dos Estudos Idiomáticos Para Violão Solo, de minha autoria. Obra que visa estreitar as culturas popular (canções) e clássica (solos), visando meticulosa formação técnica da mão direita, ao mesmo tempo, explorando os timbres e sonoridades específicas (idiomáticas) do violão.
                 
                   Para minha grata surpresa e imensa alegria, minha dedicada aluna criou laços com o Estudos nº1, chegando a decorar e tocar toda a peça em aula. Faltou gravar heim Susana!!! Mais tarde, trabalhamos também o Estudos nº3 e pudemos expandir sua musicalidade em canções imortais como Assum preto do Gonzagão e Esquadros da Adriana Calcanhoto. 

                   Abaixo, Susana interpretando Vambora "da Adriana" em grande estilo, com ótima presença vocal, afinadinha, e o acompanhamento de violão bem arrumadinho! Nossa gravação foi em primeiro "take", totalmente sem preparo de arranjo entre sua parte e o violão de improvisação. Foi um verdadeiro retrato da simbiose entre nossas almas artísticas, o que sempre ocorria em nossos brilhantes encontros - saudades!



                   Alma generosa... delicada como a "Gota D'água"... vitoriosa como a flor de lótus... 



                   
                  





0

terça-feira, 8 de março de 2016

  

          Celebrando o dia internacional das Mulheres, venho apresentar-lhes algumas de nossas bases violonísticas femininas que, cada uma ao seu modo, contribuíram e enriquecem o panorama profissional e amador brasileiro.
                   
                     Desde que viuhela é viuhela, guitarra (acústica) é guitarra e violão é violão, as mulheres estão fortemente presentes entre os amantes e articuladores deste instrumento, que para muitos é sinônimo de cultura brasileira. No nosso país, muito pouco se fala de nossas gloriosas intérpretes do violão clássico e quando o assunto é violão popular, o descaso pode ser ainda maior.
                 
                    Infelizmente, por aqui, para um artista comparecer ao imaginário do grande público, é necessário conseguir um nível de virtuosismo muitas vezes maior que a própria arte provocada. Com isso, não somente mulheres, mas, um incontável número de grandes intérpretes e artistas das cordas ficam de fora da "brincadeira", no anonimato.

                     Temos, ainda, dois agravantes para que as mulheres não aparecessem tanto na cena violonística brasileira. O piano foi o instrumento mais representativo da nossa sociedade e durante muito tempo, foi visto pela maioria como o instrumento das mulheres. O segundo ponto é a retrógrada visão que os mesmos tinham sobre o violão, considerando-o um instrumento da boemia e até mesmo de vagabundos. Para a nossa felicidade, essas duas grandes bobagens já caíram no esquecimento e o que eu tenho percebido, hoje em dia, é um número maciço de homens dominando a arte do piano e o violão sendo altamente respeitado, não somente como instrumento de grande capacidade como também um autêntico veículo para a acensão humana.

                    Mesmo assim, eu venho aqui, minhas amigas e meus amigos, para mostrar a arte de verdadeiras virtuoses do instrumento, desconhecidas também por violonistas e estudantes das novas gerações.


Maria Lívia São Marcos


           Primeira concertista brasileira! Nascida em São Paulo, Maria Lívia é filha do importante professor de violão, o português Manoel São Marcos.
           Ainda jovem, radicou-se em Genebra, Suíça e sua discografia é de causar impacto aos apaixonados pelo violão, uma extensa lista de discos gravados, contando com obras de grande relevo do repertório erudito universal.
                                                                           

                    Maria Lívia interpreta com todo cuidado de uma concertista consolidada. Sua técnica é suficiente para explorar boas ideias e sua interpretação é limpa e clara. Não sobra nada de sonoridades alheias, notas indesejadas ou esbarradas, principalmente aquelas notas que precisamos apagar conforme a escrita nos indica na pauta e muitas vezes deixamos passar...
   
                    Abaixo, Variações Sobre Flauta Mágica de Mozart, do compositor clássico espanhol Fernando Sor. Uma obra muito apreciada entre os violonistas e muito exigente por sinal. Ao ver Maria Lívia tocando, da uma leve sensação de que tudo pode ser resolvido. As passagens mais difíceis são resolvidas sem grandes pretensões e a obra flui naturalmente. É muito gostoso apreciar uma peça que pode ser uma grande demonstração de virtuosismo nas delicadas mãos de uma sensível violonista!


                    Momentos mágicos na genial obra do cubano Leo Brouwer (lenda viva!). A obra El Decameron Negro ( A Harpa Do Guerreiro) exige muita maturidade interpretativa. Há momentos em que as ideias são bem delicadas e precisam ser expressadas com tamanha delicadeza, porem, respeitando a pulsação, o que é um grande desafio emocional. Nossa intérprete consegue a façanha!






Angela Muner 
                                                     



                    Angela Muner é um prodígio. Estreou sua carreira de intérprete ainda aos dez anos de idade, quando deu o seu primeiro recital e gravou seu primeiro disco.
                    Sua sonoridade não deixa nada a desejar em relação aos grandes violonistas, uma pegada forte aliada ao equilíbrio tímbrico e forte senso de estilo. Assim, Angela quebra o paradigma de que violão é instrumento de homem.
                    Nossa concertista Integra o quadro de professores de violão do famoso conservatório de Tatuí, considerado uma referência no ensino de violão clássico no Brasil.
                 





















                    Abaixo, Angela interpreta o Choros nº 01 de H. Villa Lobos e a sua grande sonoridade robusta nos enche de alegria ao balançar a obra brasileira de modo bem polido. Toca ao vivo como se estivesse na varanda de sua casa, perfeito!




                    Abaixo, Granada do compositor nacionalista espanhol Isaac Albeniz. Haja mão esquerda para sustentar essa primeira parte! A obra exige grande demanda de resistência, onde uma parte da energia é voltada para manter as notas dos acordes vibrando, enquanto que a melodia passeia pelo registro grave do instrumento em intenso lirismo.


                    Vamos conferir sua interpretação de Sevilla - I. Albeniz em toda energia que a música merece, uma verdadeira festa! Há momentos de muita intensidade, onde ela solta a mão com vontade e nos enche de desejo, de pegar o violão e sair rasgando os acordes e as escalas!












2

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

 


O surfista e o cowboy na capital goiana! O surfista é carioca e colecionador de tatuagens, o cowboy é goiano e sabe tudo do Zorro. Um é o pai e o outro é o filho, o autêntico flamenguista tem 38 anos de idade e o confeccionador de pulseiras 9 anos. Apresento-lhes a dupla Laercio Corujo e João Pedro, vulgo “JP”!
A princípio, tudo certo! A dupla é formada por pessoas inteligentes, saudáveis e felizes, preparadas para estudar algo que exige desejo, concentração e disciplina. Há nove meses atrás Laercio me procurou para iniciarmos o curso. Logo me veio a interrogativa, quais serão os desafios que enfrentaremos para atingirmos nosso objetivo? Eu não imaginava que encontraria um garoto hiperativo e com déficit de atenção, por outro lado, um menino cordial, inteligente, amado e muito bem protegido por sua família, com pai e mãe presentes e de convívio harmonioso, apesar da separação.

“Podemos fazer a aula juntos? Na verdade e´ para o meu filho, mas quero muito aproveitar o espaço para estar perto dele”

O panorama esboçado nas primeiras aulas não foi o mais atrativo. De um lado, um homem dedicado à aula e de outro, um menino “fanfarrão”. Laercio estava sempre atento às atividades propostas na Apostila (Volume I – Ritmos e Acordes), enquanto que “JP” fazia de tudo para atrapalhar. A cada chamada que eu fazia para entrarmos juntos nos exercícios o garoto esculachava com o violão, prestava atenção em outras coisas ou, propositalmente, perguntava algo que não tinha nada a ver com o momento. Ele não suportava aquele ambiente de concentração em pequenas ideias musicais e inúmeras repetições, formar acordes no violão e tocar do jeito que eu pedia, não necessariamente à sua maneira. Tenho comigo que aquilo ali, na cabeça dele não tinha nada a ver com o violão que ele imaginava, de modas caipiras, ponteados, cantar...
Aí eu lhe pergunto, caro leitor: _ Como brincar de tocar violão sem dominar ritmos e acordes? ?? ??? Toda brincadeira tem suas regras, suas leis e seus desafios. Alguém tem que ser o “pêgo” e lutar com todas as forças para conquistar a brilhante oportunidade de também se esconder. Para fazer o gol tem que acertar a área interna das traves, e também tem que vencer o goleiro! Para cavalgar precisa se comunicar com o animal e se sujeitar a uma conduta segura, e por aí vai. Portanto, minha amiga, a música também tem o seu conjunto de exigências e é aí que está o “X” da questão! O grande desafio do professor é torná-las suportáveis, de modo que, num segundo momento, o prazer de tocar aquela canção que tanto gostamos esteja acima do desafio de fazer.
Além das particularidades apresentadas por JP, Laercio esbarrava em algumas dificuldades, naturais de um iniciante, como pouca dedicação durante a semana, proveniente da iminente construção da técnica básica, ausência de repertório musical inicial e o cara contava ainda, com uma forte lesão no braço esquerdo. Confesso que precisávamos de muito mais tempo para atingir os objetivos de uma aula completa e saía delas quase esgotado. A minha sensação era de que tinha dado toda a energia de um intenso dia de trabalho em apenas um horário de aula. Foi um período muito difícil para todos nós, mas persistimos e vencemos!


“Escute aqui João Pedro, um dia você vai sofrer e a música poderá se tornar um verdadeiro elixir para aliviar a dor...” 

Durante os primeiros meses, travei algumas duras conversas com o jovem estudante. Logo, o sábio pai me alertou das condições de saúde do filho e assim, pude oficializar o que imaginava. Conversar com Laercio a respeito da hiperatividade clareou minha mente e assim pude me preparar melhor para nossos encontros. Confesso que vez ou outra posso ter exagerado com o JP, e num dado momento pensei até em abandonar a “briga”. 
Como não conseguíamos superar a primeira parte, indispensavelmente técnica da apostila, e o garoto cada vez mais disperso na aula, resolvi oferecer atividades totalmente voltadas para seu gosto musical. No lugar de prosseguir com o “Ritmo Básico” (pop) partimos para o “modão” e então experimentamos entrar “no” Menino da Porteira. A ideia motivou, sacudiu, mas... infelizmente esbarramos, ainda, na falta da disciplina mínima. Mas, “peraí” professor! Por que o modão não deu certo? Meu amigo, esse ritmo é muito curto para a mão esquerda da dupla, que ainda não estava preparada para as mudanças de acordes. Justamente por isso que inicio com o ritmo que eu chamo de Básico (pop) na apostila, que por sua vez é mais longo e mais didático para o ponto de partida em violão popular. Assim, as mãos direita e esquerda chegam mais homogêneas na ocasião da primeira música!
Neste momento, eu tomei a dura iniciativa de convocar a dupla para retomarmos a apostila, assumirmos o tempo “perdido” no modão e nortear nossas aulas. Ali, ou eu perdia os alunos, ou ganhava ainda mais confiança. A segunda opção prevaleceu e finalmente podemos seguir em linha reta. Reconheci minha dificuldade em dar uma resposta mais efetiva em nosso trabalho e Laercio me surpreendeu com uma grande resposta.

“Fique tranquilo, estou dando oportunidade ao JP. Acredito que com nossos encontros, vamos construir uma cultura musical e com o tempo aprenderemos o que for necessário para tocar o violão. O meu filho não terá o direito de reclamar de falta de presença, e, no futuro, vai se lembrar desse momento com o pai.”

A essa altura, estávamos entrando no sexto mês de aulas e o nosso garoto amadureceu. Aquele comportamento que obstruía as atividades deu lugar a um olhar mais interessado, diretamente motivado pelos incentivos e diálogos do pai antes de nossos encontros. Laercio também se mostrava mais motivado ao violão e em todo começo de aula, me dizia que havia tocado mais durante a semana e também pesquisado músicas em sites de cifras. E realmente suas participações em aula melhoraram consideravelmente e rapidamente entramos na primeira música. 



UFA!!!
Laercio viciou, e as aulas voltaram a ter uma duração mais intensa, agora, motivada pela música, pelo brinde ao trabalho de base realizado. Fizemos uma sequência de duas canções da apostila e partimos para duas canções extra apostila, na linguagem sertaneja, As andorinhas de Tonico e Tinoco e Não Precisa da Paula Fernandes. Bombou!!! JP entrou de corpo e alma nas Andorinhas e Laercio deve ter tocado a Paula Fernandes por umas 2.974 vezes por dia!! Coitado de mim que cantei essas beldades durante quase duas horas seguidas.... Laercio virou menino com o violão na mão. Não largava o brinquedo por nada...






Tia Laricia e Vovó Marcia sentavam na roda e apreciavam as músicas! Para mim, uma grande realização em família! Vale lembrar que Laercio gosta de rock e abriu o coração para ver o desenvolvimento do filho na canção sertaneja, pois o garoto é fissurado nessa cultura e o pai se descobriu um amante de música boa, independente do rótulo musical. Esse comportamento é tudo para um bom rendimento em aula, pois o professor de iniciação ao violão sempre tem profundas limitações em repertório para os iniciantes, devido as dificuldades impostas pelo violão e pelas pestanas.




Com toda certeza, o maior aprendiz desta história se chama Graciano Farias Arantes, o "professor". Conviver com quem se supera é uma oportunidade única. Laercio é exímio cuidador da saúde e aparenta ser mais jovem do que é. Sua família suplantou a perda precoce do pai e por meio de muita garra e determinação, hoje todos gozam de distinta dignidade profissional. Ambiente totalmente favorável para o nosso garoto esperto se iluminar em seu caminho de vida.








2

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016


        1988 foi o ano que iniciei minha busca por música e pela primeira vez tentei operar o aparelho de som. O alvo era a coleção de LPs de obras dos grandes compositores clássicos de meu pai. Entre Bach, Mozart, Beethoven e Tchaikovsky, eu escolhi o som de piano da autêntica obra de Frédéric Chopin. Identificação!

1998 foi o ano em que conheci esse som ao vivo, tocado especialmente e exclusivamente para minha pessoa, através de meu amigo Abnader Domingues. Na ocasião, éramos calouros (inseparáveis) dos cursos de Música da Federal de Uberlândia. Praticamente os únicos “malucos” daquela turma a optar pelo Bacharelado em Instrumento.

Nosso contato foi tão intenso e inovador, que até no horário de almoço estávamos juntos, falando e fazendo música, cada um apresentando o seu universo artístico com paixão e solidariedade. Uma troca pura e gratuita, brotando uma amizade cristalina, um verdadeiro presente da deusa música!  

A sua identificação com a obra de Frédéric Chopin é tamanha, a ponto de nomear o seu primogênito de Frederick. Abaixo, a interpretação chopiniana de Abnader.


         Leveza é o seu ponto de partida em Chopin. As primeiras notas são altivas, em tom maior, alegre, mas tomaremos um certo cuidado para não confundirmos alegria com euforia, pois este ambiente vibra em extrema delicadeza. Impressionante como Abnader consegue equilíbrio em sua maneira tão intimista de lidar com a linguagem romântica. Seus rubatos e retardos são sutis e maduros, criando uma atmosfera de fluidez agógica. A dinâmica digna de um grande pianista. Ao iniciar um pianíssimo, executa com tanta delicadeza que faz pensar que as pesadas teclas do instrumento sejam leves, verdadeiras plumas sonoras em nossa alma. Isso é para poucos, plateia pequena em número, porém, próxima e grandiosa  em coração e presença física, da maneira como o nosso intérprete se sente mais a vontade em Chopin, seu grande ídolo.

Meu amigo era tão generoso que tocava trechos de peças que estava preparando e me trazia explicações, verdadeiras análises que fazia para interpretá-las. O mais interessante de suas colocações, era a pessoalidade, suas próprias percepções. O cara não se limitava em reproduzir o que aprendia com seus mestres, eram posições muito pessoais de cada motivo, tema ou seção apresentada, e desse modo, pude aprender muito sobre interpretação com o meu amigo.

Em pouco tempo, fiz questão de aproximar Abnader ao distinto pianista Rodrigo Ribeiro, nosso veterano em graduação, podendo então, presenciar um grande encontro que permeou nossa vida acadêmica. Rodrigo era fanático por tudo de música e tinha um imenso arquivo em VHS, onde podemos conhecer, aprender e motivar nossa graduação em música (clássica).

O dedicado Abnader, no primeiro período de piano foi matriculado com um sábio professor, na época menos focado em performance pianística , que ao perceber o talento de seu aluno, logo direcionou-o a estudar com a conceituada concertista Araceli Chacon, efetiva da área naquele tempo.

Abaixo, a interpretação de Abnader na distinta Valsa da dor do maestro Villa-Lobos, outro autor de grande impacto em sua vida e que inspira o nome de seu segundo filhote, o Heitor!


         Preste bastante atenção na mão esquerda de Abnader, aquela que conduz a dor. Ela determina cada parte da obra, seus contrastes dinâmicos e raríssimo momento de alegria. Villa-Lobos é o compositor dos contrastes. Hora sua escrita sinfônica, hora idiomática. Abnader consegue mostrar a massa “sinfônica” sem titubear as delicadas notas da linha melódica. Quando o contraste aparece, vem sem arranhar o ouvido, quase que anunciadamente, na estreita linha entre o susto e o preambulo de algo intenso que surge no ar. A obra é tão profunda que não se pode ouvir em volume baixo. O pianíssimo é quase imperceptível, o forte rui a quase aparente serenidade da peça, e é justamente neste momento que desequilibra o ouvinte. Quando acaba o contraste, a melancólica melodia inicial nos traz de volta uma dor prazerosa e amena.

Éramos jovens, cheios de entusiasmo e queríamos mudar a sociedade através da música! Queríamos ser como nosso ídolo Beethoven, que dizia em sua revolucionária frase: “Chega dessa música de entretenimento, o ser humano pode transformar a vida através da profundidade da arte...”

Enquanto os alunos da federal se envolviam em política, DCE, manifestações, greve, a gente “pichava” as dependências do campus Santa Mônica com o nosso precioso lema: “Som para todos!”

E o meu amigo conseguiu sim transformar a vida, tanto dele, como de sua família e de seus ouvintes, alunos e colegas. Expandiu seu conhecimento musical e em 2003 criou o Solemnis, conjunto musical que atua em diversos eventos sociais, especialmente em cerimônias matrimoniais. Piano, violino, saxofone, trompete e as vozes masculina e feminina para uma grande referência musical no pontal do triangulo mineiro.

Em 2000, ano em que Abnader retorna ao Conservatório Estadual de Música de Ituiutaba  - Dr. José Zóccoli de Andrade, agora, como professor da área de piano, também assume grande responsabilidade na produção e coordenação do Concurso Nacional de Piano promovido pela instituição. Hoje, oficialmente, coordenador geral e artístico.

Este reconhecido concurso é realizado desde 1994 e neste ano marca a 23ª edição deste importante evento nacional que oportuniza e valoriza a arte de tradição erudita, e homenageia os grandes compositores brasileiros em atividade. A professora doutora Denise Martins, ex-diretora do conservatório, é uma das idealizadoras do projeto e grande pilar de sustentação do concurso. Segundo Abnader, uma pessoa de distinta humanidade e visionária, aquela personalidade que dá vida ao espaço.

       Entre os gigantes homenageados e colaboradores do evento, podemos destacar alguns como Almeida Prado, Ronaldo Miranda, Heitor Alimonda, Eudóxia de Barros, Oswaldo Lacerda, o uberlandense Calimério Soares e o goiano, professor doutor Estércio Marquez Cunha,  compositor homenageado, que também foi juri deste importante concurso por praticamente 20 anos. Abaixo, Abnader interpreta obra de Estércio Marques Cunha.




          Abaixo, Abnader interpreta obra de Calimério Soares, compositor uberlandense.



Em 2015 o Conservatório de Música de Ituiutaba completou 50 anos de sua fundação, pela determinada professora Guaraciaba Silvia Campos, mãe do professor doutor André Campos da UFU, importante formador de violonistas em Uberlândia. A atual diretora é a empenhada professora Silvia Rubia.
                Ainda em 2015, Abnader Domingues recebeu o título de Prêmio Mérito Cultural Em Música Guaraciaba Silvia Campos, outorgado pela ALAMI – Academia de Letras, Artes e Música de Ituiutaba.

         Abnader Domingues e Conservatório de Música de Ituiutaba se fundem! Abaixo o vídeo de uma de suas participações na comemoração de 50 anos da escola, tocando piano no calçadão da importante cidade mineira, a terra dos tijucanos!  



"A instituição fez aflorar a sensibilidade e potencial artístico do menino, que nasceu ouvindo boa música, estimulado pela carinhosa mãe, que nutria pelo filho mais novo, grande afetividade.
E do berço a vocação para o belo...o amor incondicional....a sensibilidade..."
 
 
Abnader Domingues.













2

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Saudações musicais! Olá minha gente querida, alegre-sofrida, vivida- feliz!

Dias atrás alguém me perguntou quais eram as músicas da minha vida. Aôô difícil heim! Confesso que me vieram algumas ótimas opções em mente, mas não consegui resposta de prontidão. Agora, venho colocar a primeira de uma série de obras que me marcaram e “não sei o que seria de mim” sem elas.


Choro Triste – Alfredo Medeiros



Minha lembrança musical mais remota é o Choro Triste do compositor maranhense Alfredo Medeiros. Meu saudoso pai, William Arantes, foi o grande intérprete que me presenteou com essa escuta cotidiana, desde a minha  mãe Bernardete (única) gestante. O pai não fazia ideia de que sua inesquecível sonoridade e fraseado equilibrado e tocante me guiaria na vida, tomaria conta de minhas emoções ... Saudade de você meu herói...

William Arantes é um importante violonista clássico da história do instrumento no triangulo mineiro, região onde nasci. Estudou com o pioneiro Remy Couto, o grande mestre de uma geração apaixonada e vibrante que instituiu a cultura do violão clássico em Uberlândia a partir da década de 1960, lançando assim as bases de onde pude me criar e adquirir cultura musical, além de toda minha formação escolar em música.

O Choro-triste foi tão impressionante que me provocava profundos sentimentos em meu quarto solitário, naquelas noites de meio de semana em que meu talentoso pai chegava do Conservatório e a primeira coisa que fazia era pegar o violão e se revitalizar, naquela sala escura e também solitária, interpretando importantes obras do repertório erudito do violão, incluindo o Choro triste.

A melodia nostálgica, trazia uma sensação de um tempo realmente sofrido, mas que tinha algo especial, uma coisa única, que fazia sentir saudade. Confesso que em alguns pontos das frases, eu me sentia um intérprete, já imaginando como seriam as durações de cada nota executada pelas minhas mãos. Dava uma vontade incontrolável de eu ser o violonista, para eu fazer do jeito que eu compreendia a peça. Isso me causava uma angustia, uma ansiedade, um desejo profundo de poder dominar as cordas daquele grandioso instrumento.  Nascia ali um violonista!

Após um longo período de curiosidade, estudos e adaptação ao instrumento, finalmente consegui! Meu pai havia escrito a partitura desta fabulosa obra original para violão solo, especialmente para o jovem Graciano. Na ocasião, eu deveria ter meus 14 anos de idade. Até então, foi a grande realização da minha vida! O orgulho era imenso, a satisfação pessoal superava todo sofrimento de uma criança retraída, tímida, com a autoestima baixa e cheia de complexos... o violão me fez sentir prazer em viver, o Choro triste me deu a grandeza de um ser humano realizado e  finalmente, feliz! 

Aos meus 16 ou 17 anos pude apresentar esta relíquia no concurso interno do Conservatório Estadual de Música de Cora Pavan Capparelli, onde fui reconhecido com o prêmio “Revelação” concedido pela banca formada por Lucielle Arantes (minha amada irmã) graduanda em Música e meu futuro professor de graduação Jodacil Damaceno, grande lenda do violão clássico latino-americano.

Quando meu nome foi anunciado para executar a peça de “livre escolha” eu tinha certeza de que aquele momento era de minha apresentação artística, não necessariamente um confronto entre violonistas. Eu queria fazer o  público sentir aquelas emoções, acumuladas em minha alma, desde o conforto dos braços de minha amada mãe, até aqueles dias revolucionários que o violão pôde me proporcionar. Eu queria fazer as pessoas felizes com minha participação e sabia que aquele era o grande momento. Fui de cabeça erguida, vestido de adolescente, calça jeans camiseta azul lisa, cabelo curto bem cortadinho (como os cabelos de meu pai), passos firmes até o palco e ali foi a maior e mais sensacional apresentação de minha vida!
              
          Abaixo, o vídeo de uma performance minha desta magnífica obra-prima, na residência de meu distinto amigo-irmão-camarada, o notável violonista uberlandense Reginaldo Silva, discípulo e grande amigo de meu pai William. Reginaldo é filho do saudoso Iraci,  amigo e compadre do Mestre Remy Couto e também tem a genética violonística no ser.  Noite inesquecível, com a presença de minha filha Lis e o nosso grande amigo e também músico, Wellington Dias.


Pai, mãe, irmão, namorado, amigo, eu vos suplico! Presenteiem suas crianças com um violão. Esse "simples brinquedo" cordofônico pode revolucionar a vida das pessoas!
2

Entre Em Contato

Nome

E-mail *

Mensagem *

Conteúdo