Tem diferença? Imagino que sim, mas em que?
Certa vez ouvi de um colega de Conservatório:
_ Esse papo de ser "educador" não tá com nada, quem educa é o pai. Eu sou professor. Eu dou aula DE MÚSICA e pronto.
Faz sentido, na ocasião trabalhávamos na escola pública de música. Lá não só podemos, como devemos assumir um comportamento mais exigente ou disciplinado (educador), pois lá tem uma grade curricular, tem avaliações com banca e formada por dois outros professores, além da famosa "lista de espera". Hoje em dia o candidato a aluno, em Goiás, passa por uma seleção.
Mas e no mercado, fora das escolas públicas de música (conservatórios), como funciona? Qual é o sistema?
Não tem orgão fiscalizador. Existe a ABEM - Associação Brasileira de Educação Musical. Ela é uma associação, difundida em todo o país, com a finalidade de promover o conhecimento do professor, além de outros objetivos.
No caso de uma regulamentação da profissão de professor de música, caberia à desORDEM DOS MÚSICOS. Uma instituição falida na prática, totalmente desacreditada e odiada pelos profissionais da música, ultrapassada e não oferece benefícios à classe. Por outro lado é parte de uma resolução federal... dá pano pra manga - sobre este assunto eu tô fora.
Um grande problema é que Música gera inúmeras profissões. Uma delas é a de Professor, a qual me insiro.
Então quer dizer que o professor de música é um profissional marginalizado?
É e não é. Pois existem os conservatórios públicos de música e a disciplina de Educação Artística nas escolas regulares(LDB - MEC) - no caso da Educação Artística, o professor pode ser oriundo da Música, Artes visuais (plásticas) ou Cênicas (teatro), desde que, tenha diploma de Licenciatura Plena na área, reconhecido pelo MEC.
O retorno da disciplina específica de música já está marcado. Com direito a até assinatura do presidente da república. Tomara que o mercado cresça o que nós músicos esperamos.
E o professor particular?
Ótima pergunta! É a "lei da selva". Onde a "corda arrebenta pelo lado mais fraco", geralmente o lado mais fraco é o do professor, infelismente. Você pode encontrar uma "mensalidade" de 10 reais mensais (Senac), como outra situação de 200,00 mensais. Estes valores para o mercado da Iniciação Musical.
Um professor que atende um público mais exigente e ou avançado não trabalha por menos de 50,00 a hora aula - professor com título de mestrado em música.
Eu mesmo fiz algumas experiências aqui em Goiânia e coloquei preço de experiência. Naquele momento era ensino coletivo, caso desse certo eu manteria o valor de 35,00. Sorte de quem passou por mim nesta fase. Ainda bem que passou, ufa!! Credo - "isola na madeira". Cheguei a atender 11 alunos em uma aula de 2 horas de duração.
Basicamente o mercado de Goiânia é o seguinte:
Professor que se matricula na Graduação em Música não cobra menos de 80,00 de mensalidade;
Professor graduado não cobra menos de 120,00;
Professor que trabalha em escola tem um preço diferente, portanto o mínimo de movimentação para que ambos sobrevivam é 120,00 - tomando por base uma escola que abriu há menos de um ano aqui na terra do pequi e da viola caipira.
Mas e na sala de aula, como é o trabalho de um professor que não possui um orgão regulamentador do ensino de instrumento musical?
Esse mercado é para quem sabe alguma coisa e para quem sabe "tudo". Este mercado é para quem é formado e para quem não sabe ler uma nota na pauta musical, mas tem bagagem de música e um conhecimento arraigado para oferecer. Sempre será assim.
Não se pode cometer o equívoco de nivelar músico pela formação e sim pelo que ele produz.
Normalmente os pais de candidatos a alunos de música não exigem a formação formal do professor. É raro perguntarem de onde viemos, como chegamos, formados ou não. Muitos querem que ensinamos teoria musical e toda a base necessária para uma boa iniciação musical a seu filho.
Mal ele sabe que seu filho é um curioso. Apenas um curioso. Movido pela necessidade de fazer a música acontecer do mesmo modo que a mesma já vibra em seu coração. Este candidato a músico, na maioria das vezes, necessita de um instrumento de socialização ou simplesmente um bom brinquedo.
Tem quem nem tenha tanta vontade assim, mas só o fato de um amigo ter um violão ou uma guitarra, naturalmente aquilo vira objeto de desejo. O pai só sossega quando o leva na loja de instrumento e depois procura por mim ou por outro que teve esta boa sorte da oportunidade de trabalho e ser útil a alguém.
Voltando ao curioso. Ele é curioso porque enquanto não prova o contrário, é apenas mais um, curioso.
Justamente neste momento que nasce a "briga" entre o professor e o educador.
Todo iniciante é curioso. A curiosidade acaba quando vem os "espinhos", quando a vida lhe mostra "o outro lado da moeda", ou quando ele vê que um jogador de futebol só joga porque treinou a semana inteira, muita física, treino tático (ninguém gosta), alimentação rigorosa e palestrante falando as mesmas "lorotas", concentração, técnico enjoado..., torcida botando pressão... puxa, ainda bem que não mexo com isso...
Pois é. Todo garoto sonha com o estádio lotado gritando seu nome, fazer o gol do título, beijar o escudo do time de frente para a torcida, altos salários... isso é para poucos. Melhor dizendo, isso é para quem tem boa ORIENTAÇÃO e DISCIPLINA.
Toda profissão e toda atividade humana tem o lado fantasioso e lúdico, bem como o preço que se paga para esta realização.
Pai de aluno nem ensina isso ao filho quando o entrega para o professor. O EDUCADOR mostra esta abstração através da prática, do dia a dia, com firmeza, assistindo ao "sofrimento" do preço que se paga para que no dia certo, ele tenha o prazer de ouvir seu aprendiz acelerar corações que o ouve. Gozar a existência em alto nível.
Então quer dizer que o Educador Musical deve apresentar um plano de curso? Mesmo não trabalhando numa instituição regulamentada?
A dica do sucesso entre professor e aluno é:
- Professor apresentar um programa de curso;
- Professor obter a confiança do pai do aluno;
- O pai querer que o filho estude música e NÃO somente brinque de violão;
- Avaliação (prova) do professor a cada período;
- Apresentação final de semestre;
- Participação de outras situações criadas pelo professor ou escola ou outros espaços.
- Professor bem remunerado;
- Pagamento de mensalidades em dia;
Boa sorte aos professores/educadores.
Boa sorte aos pais e iniciantes.
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
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Um comentário:
Muito bom o texto!
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